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  Não Bata! Eduque!

Blog Mãos e Filhos

https://maosefilhos.blogspot.com.br


 

 

"Gosto de assumir turmas de alunos considerados "rebeldes", não para dizer que eu sou bom, mas para provar PARA ELES que  são todos capazes..." (Rodrigo Souza)


Afetividade: Elemento fundamental para que aconteça a aprendizagem. Tem que estar presente na família; tem que estar presente na sala de aula.



Textos para refletir...
Textos para refletir...



TEXTO 1

Falando das birras infantis...

Andréa Mascarenhas

 


É preciso compreender:

Os “ataques” de birra fazem parte do desenvolvimento da criança. É uma manifestação de seus desejos, emoções e necessidades. É, talvez, a única forma que ela tem de argumentar e demonstrar o que pensa e o que quer. A birra, portanto, é necessária; é um tipo de comportamento totalmente saudável e normal, até que a criança adquira a maturidade e o autocontrole necessários para usar outros veículos de comunicação.

Essa forma tão normal da criança se comunicar, no entanto, torna-se um grande problema, se falta experiência aos pais para lidarem com ela. É comum vermos pais estressados, nervosos, gritando com a criança e até agredindo-a para que ela pare. Mas, afinal, será que é possível viver um momento assim e manter a calma? A resposta é sim!

Esse é um assunto que precisa ser discutido e refletido. No entanto, é incoerente falar de como lidar com as birras sem falar de assuntos que podem levar as crianças a esse comportamento impulsivo. Existem situações que, por favorecerem esse tipo de conduta na criança, precisam ser evitadas pelos pais. Para isso, estes devem estar atentos a alguns sinais:

Sono – Evite deixar a criança acordada nos seus horários habituais de dormir. O sono é um dos fatores mais propulsores da birra infantil. Não sendo possível que a criança durma em seu horário de rotina, o mínimo que você pode fazer é se preparar para usar muita paciência e tempo para acalmá-la, caso ela tenha uma crise.

Fome – Passar da hora habitual de se alimentar também pode causar mal-humor na criança; portanto, se você não estiver em casa, tenha sempre consigo alguma coisa para comer. Nosso planejamento de tempo pode falhar e, nessas horas, vale tudo ter algo na bolsa!

Manter objetos de proibição longe dos olhos da criança – Que criança não gosta de um celular, um controle remoto, ou qualquer outra coisa atraente? Evitar que esses objetos estejam ao alcance de suas mãos ou de suas vistas é colaborar para redução de momentos de estresse para você e para a criança.

Dificuldades para ouvir ordens que exijam atendimento imediato – Se ela tem problemas com o “pronto-atendimento”, torna-se mais fácil atender a uma ordem quando é avisada com antecedência. Portanto, diga sempre: “Filho/a, após o desenho que você está assistindo, irá tomar banho.” “Daqui a 5 minutos/Assim que terminar o lanche, irá fazer a tarefa de casa etc.”. Isso facilita o atendimento da criança, porque dá tempo para organização de seus pensamentos e para assimilação da ideia, principalmente se for algo que ela não gosta de fazer.

Evite, ainda, dar ordens a todo instante. Isso é terrivelmente irritante. Nós adultos, inclusive, não gostamos de recebê-las. Em outras palavras, trate seu/a filho/a da mesma forma que você gostaria de ser tratado – e quem não gosta de ser tratado com respeito, carinho e atenção? Nesse ponto, vale destacar, também, a importância das escolhas. Ao contrário do que se pensava antigamente, deixar a criança escolher o que ela quer não a prejudica e não a torna mal-educada, mas essa atitude a ajudará no seu processo de independência. Auxilia, também, na relação pais/filhos, já que a criança demonstra naturalmente o que gosta e o que não gosta.

Se você, mesmo tendo todos esses cuidados, depara-se ainda com episódios de birra, e tem dificuldade de lidar com essas situações, vamos pensar juntos, há uma série de atitudes e comportamentos que, se praticados continuamente pelos pais, podem auxiliá-los nesses momentos de conflito, ajudando a melhorar o comportamento do/a filho/a:

• Entenda que ele/a está tendo uma "crise", não deve durar tanto tempo. A criança faz isso, geralmente, por não conseguir expressar-se pela fala e porque ainda não consegue conter as suas vontades!

• Preserve a sua autoridade! Entenda que, nessa hora, a criança raramente escutará uma voz de autoridade. Ao invés de dar ordens para ela, e correr o risco de não ser atendido, contenha-se e apenas tente acalmá-la;

• É fundamental manter a calma. Em vez de falar com voz imperativa, fale o mais manso que você puder; suave, porém FIRME! Se você perceber que está nervoso, respire fundo, tome um pouco de água, conte até dez... seja qual for o ataque de birra: chutes, gritos, arremessamento de coisas etc.; Respirar corretamente também é um recurso importante, pois, ao controlar a respiração, mandamos uma mensagem para o nosso cérebro de que está tudo bem...

• Pratique o autocontrole – A forma mais simples de ser melhor em algo é praticando-o. Enquanto você mantém o controle, está exercitando a sua capacidade de tolerância e ensinando a seu/a filho/a algo lindo, que é a ter o autocontrole também. A tendência é, cada vez em que o chilique acontecer, durar menos tempo, até que a criança aprenda de verdade a controlar suas próprias emoções, pelo aprendizado e pelo seu próprio crescimento e amadurecimento;

• Não aceite tapas ou mordidas de seu/a filho/a; Se a ‘crise’ dele/a estiver tão forte e você não conseguir acalmá-lo/a com palavras, colo e abraço, é preferível que fique um tanto afastado da criança – caso esteja em um local fechado e seguro; Porém não se afaste tanto, pois as emoções da criança podem estar tão desordenadas a ponto de levá-la a fazer algo mais sério para chamar a sua atenção, ou sentir-se mais explosiva ainda, ao pensar que foi desamparada.

• Fale apenas uma ou duas vezes, o suficiente para a criança escutar: “Não posso te atender enquanto você estiver gritando/pulando/ou qualquer que seja o ato de birra.” Ou: “Quando você se acalmar, eu prometo ouvi-lo/a e entendê-lo.”

• Mostrar alguma coisa que chame a atenção da criança e a faça esquecer-se do objeto proibido é algo muito válido nessa hora, principalmente com as crianças menores. É muito mais eficaz do que ficar mandando ela calar a boca ou parar. Ou seja, mude o foco da birra!

• Evitar ameaças, mas apontar as regras já definidas anteriormente, fazendo a criança lembrar-se das consequências, pode ajudar nesse momento; cumprir as consequências é imprescindível para evitar as próximas birras;

• Muito cuidado ao dizer o ‘sim’ e o ‘não’. Sua palavra deve ter fundamento. Prefira dizer sim sempre que o objeto desejado pela criança não seja prejudicial a ela e nem ao outro, ou seja, faça, sempre que possível, seu filho feliz (Quem não gosta de ser feliz? Quem gosta de ter decepção ou frustração?). Porém, como a vida não é feita apenas de ‘sim’, na hora em que tiver que dizer ‘não’, diga-o sem culpa, seja firme e passe segurança à criança. Mesmo que você sinta vontade de ceder para acabar com o chilique, não o faça. Essa estabilidade é importante, pois mostra para seu/a filho/a que ele/a não ganha com esse tipo de comportamento; Se os pais cedem, só fortalecem na criança a habilidade de manipulá-los e torna-se ainda mais difícil o encontro de um ponto de equilíbrio;

• “Concorde” com a criança. Uma dica que costuma funcionar também nessas horas e suaviza a fúria da criança é fingir que concorda com ela. Por exemplo, se o objeto de desejo é uma tesoura de ponta, em vez de você dizer: “Não vou lhe dar porque machuca!”, diga-lhe: “Entendi... Você quer a tesoura, não é? Você gostou dela, não foi? Eu também a acho bonita, queria deixá-la com você... mas sabia que ela machuca? Eu peguei de sua mão para ela não lhe machucar, entendeu?" – Enquanto você ‘concorda”, a criança vai se acalmando e, quando chega ao ‘não’ ou à explicação do ‘porquê não’, ela já está bem mais consciente e aceita com mais facilidade;

• Se você estiver entre outras pessoas e/ou em lugar público, é preferível que tire a criança do local. Se for possível, e não lhe trouxer prejuízos, opte por ir embora, ou deixe o ambiente até que ela se acalme;

• Em hipótese alguma, use da força física para fazer seu/a filho/a parar. Esse é um importante momento de aprendizado para ambos. Você é o adulto nessa cena; é quem tem o controle emocional, é quem vai ensinar seu/a filho/a a controlar também as suas emoções. Além disso, as crianças estão, a todo instante, imitando os pais, razão pela qual estes devem ser exemplo para os filhos. Vale refletir aqui: Se um pai briga na frente de seu filho, não está ensinando-o a brigar? Se fuma, não o ensina a fumar? Se fala palavrão, não o ensina a falar também? Percebe, então, a contradição que é bater na criança? Pra ensiná-la a não bater, bate-se nela? Pra ensiná-la a não gritar, grita-se com ela? Se nós esperamos que ela não faça isso com os coleguinhas, com o/a irmãozinho/a e conosco, por que razão nós mesmos faríamos com ela?

• Se seu/a filho/a, nos momentos de crise, prende a respiração até ficar roxo e/ou desmaiar, converse com o pediatra, pois esse comportamento, inclusive, pode estar ligado à deficiência de ferro. Além disso, fique atento a outros tipos de comportamento e sintomas. A falta de humor, o sono excessivo, a dificuldade na hora de comer, a preguiça que você diz que seu/a filho/a sente, por exemplo, pode ser, também, falta desse importante nutriente;

• Toda fase passa. Leve isso sempre em consideração. Você raramente vai ver uma criança de 6, 7 ou 8 anos fazendo birra. Aprenda a compreender cada fase da criança e, aos poucos, você vai ensinando-a valores imprescindíveis para a sua vida;

• Por fim, converse com seu/a filho/a sempre que ele/a se acalmar. Não deixe passar em branco esse tão precioso momento de aprendizado e crescimento. Ajude-o/a na expressão de seus sentimentos. Escute-o/a e entenda-o/a; depois explique o porquê do “não”, se ainda estiver confuso para ele/a;

• É importante também não esperar perfeição da criança. Ela é um ser em desenvolvimento e precisa dos adultos para aprender. São os pais que devem guiar seus passos e apontar caminhos e alternativas. Se, mesmo utilizando tantas alternativas, seu filho, tendo mais de 4 anos, ainda apresenta bastante esse tipo de comportamento, converse com um bom pediatra. Ele pode verificar se há algum problema psicológico mais sério e sugerir outras maneiras de lidar com o problema.


Andréa Cristina Mascarenhas Nascimento dos Santos

 

TEXTO 02

Por que você mora na rua?

Andréa Mascarenhas

 

  Em meu contato com crianças deparo-me, muitas vezes, com fatos engraçados, mas, se bem observados, muito interessantes. Fico a analisar como funciona o pensamento da criança.

 

  Estava à espera do horário para início de um de meus trabalhos com os pais, quando uma criança bem ativa, com o nome de Sofia, aproximou-se de mim, de uma forma bem animada, que é própria da criança, e, após minutos de brincadeira com suas bonequinhas, eis a pergunta:

 

  - Onde você mora?

 

  Eu, certa de estar dando a resposta correta, digo com bastante entusiasmo na voz e toda sorridente, tentando corresponder à animação da garotinha: Eu moro na Rua Nova Esperança, n° 40.

 

  E a menina, espontaneamente, com ar de admiração e piedade:

 

  Oh... Você não tem casa? Por que você mora na rua???

 

  Sem saber se respondia ou se ria, tentei explicar-me para a menininha de apenas 4 anos:

 

  - Eu tenho casa, minha casa fica na rua Nova Esperança n° 40...

 

  E ela precisou de provas para passar a acreditar que eu não a estava enganando, que eu não tinha mudado de resposta. E pede gesticulando:

 

  - Então me diz: Quem são seus vizinhos do lado de cá? E quem são seus vizinhos do lado de lá?

 

  Ri bastante e, como sempre faço quando me deparo com situações desse tipo vivenciadas com crianças, aproveitei para aprender com ela. E fiquei pensando sobre como ocorre o pensamento infantil, como a criança pensa diferente do adulto e como precisamos compreender isso para saber como proceder em diversas situações de interação com ela.

 

  Compreender que a criança não pensa da mesma forma que o adulto não é uma tarefa tão complexa, mas lidar com comportamentos e reações provocadas pela compreensão (ou não compreensão) que esse ser pequenino tem do mundo que a cerca, muitas vezes, é bem desgastante para os adultos.

 

  Segundo Jean Piaget (1896-1980), psicólogo e filósofo suíço, conhecido pelo seu trabalho desbravador no campo da inteligência infantil, o pensamento da criança desenvolve-se gradativamente, e em uma sucessão de estágios ela vai construindo conceitos, formando suas opiniões, de acordo às oportunidades, possibilidades e experiências vividas. Nem sempre, contudo, as crianças correspondem às noções presentes no mundo adulto.

 

  Grande parte dos conflitos que ocorrem entre pais e filhos dá-se pela não compreensão de como funciona a mente das crianças. Dadas as ordens, a mãe ou o pai espera o pronto atendimento por parte de seu (a) filho (a), e ela, muitas vezes, não consegue retribuir essa expectativa. Conciliar os dois pontos de vista – o infantil e o adulto – é um dos aspectos importantes para amenizar os conflitos que ocorrem entre pais e filhos. É preciso, portanto, que a forma de pensar da criança seja respeitada e, ao mesmo tempo, que esta tenha contato com as noções estabelecidas pelos adultos, para que, assim, construa seu próprio conhecimento.



TEXTO 03

 

Marcas

Andréa Mascarenhas

 

 

 

Era o chicote cantando na senzala...

Tidos como qualquer coisa, menos gente.

Os negros tinham que apanhar pra sobreviver.

Trabalho não dava prazer,

trazia apenas o sustento,

amargoso alimento.

Sem sorriso,

sem poder acastelar as crias,

que sumiam;

de suas mãos eram arrancadas

sem piedade,

sem consentimento.

Extraindo lágrimas

de tristeza,

de tormento.

Tristes cenas.

E cruéis...

 

Travadas guerras e lutas,

com o passar do tempo,

não mais se via

a selvageria.

Enfim, reconhecidos como gente,

dignos de direitos,

como todos.

Toda a brutalidade

que sofreram durante o tempo

como violência foi entendida;

e abolida.

 

Era a cinta cantando numa carne inocente...

Outra espécie não tratada como gente.

Não estou falando mais de negros.

Também de bichos não.

Estou falando de um ser

puro, inocente,

lindo, indefeso,

cheio de amor e candura.

Da nação o futuro;

da vida a esperança,

estou falando da criança.

 

Estou falando da família!

Do terror que envolve o lar.

Chinelo, cinto,

fio, chicote, pedaço de pau;

corpos inocentes são atingidos,

imobilizados a cada dia,

massacrados,

machucados.

Marcados pela culpa e dor

Em nome da cultura e do amor...

 

Proclamam educação

e atingem corpo e coração...

Vedam-se olhos.

A cultura fala mais alto!

Parece normal, mas não é!

Corpos enchem-se de volúpia.

Há quem vibre até;

 

Amor perde-se no tempo

Confunde-se com os piores sentimentos:

Dor, mágoa, ódio, desprezo, culpa.

Esse ser pequeno ninguém escuta.

 

E tudo começa com as mãos.

Enraivecidas.

Nervosas.

Mãos que um dia protegeram,

beijaram aquele corpo pequenino

Menina ou menino?

Não importava, brotou do ventre.

E era amado

e acariciado...

Até aprender a usar as mãozinhas

para descobrir o mundo.

E as mãos que o protegiam

Não mais o afagam.

Agora o abatem;

Mãos que machucam,

pisam,

matam.

 



TEXTO 04

Por que só em criança pode?

 
 
     Ontem vi uma cena desconfortável na rua. Enquanto o sol tinia na calçada, e enquanto voltava apressadamente de meu trabalho, ouvi UMA COISA QUE ME PARECEU BRIGA DE MÃE E FILHO/A. O tom de voz era forte, impaciente, nervoso; vinha de trás de um automóvel parado perto da calçada.
 
     - Eu já lhe disse que o troco que peguei na mão dele foi apenas de cinco reais, e eu o usei pra comprar o seu remédio!
 
     E percebi uma voz frágil, porém insistente:
 
     - Eu quero, Q U E R O meu dinheiro! Eu te disse que eu ia querer ele!
 
     Enquanto eu me aproximava, já não mais tão apressadamente, pude ver que os olhos da mulher estavam já arregalados. E a voz mais alta ainda:
 
     - EU JÁ DISSE QUE NÃO TENHO MAIS DINHEIRO ALGUM... !!!
 
     Vi um dedo sendo esticado, furiosamente, em direção de alguém; imagino que em direção a sua face. Mas eu não podia ver esse alguém; só imaginava que se tratava de uma criatura pequena, indefesa, frágil. 

      Pedido, explicação, ordens, zangas...
 
      Pensei que ela ia dar um tapa em seu rostinho; eu tive muito medo de presenciar naquele momento, ali no meio da rua, uma cena de violência.
 
     Já bem perto do automóvel, ouvi novamente o pedido, que agora virara uma ordem:
 
     - Quando chegar em casa, você vai me dar tudo! - E ouvi quase que um grito, tal era o tom de voz de insistência daquela criatura.
 
     Vi naquele momento, estampada na cara da mulher, um grande esforço para manter o controle.
 
     Ela parou, respirou fundo, por certo contou até dez... E voltou a andar na calçada, como que cansada de explicar e de tentar convencer a criatura que estava atrás do automóvel. E andou alguns passos. A criatura pequena e frágil seguiu-lhe os passos...

     Eu não disse que parecia uma BRIGA DE MÃE E FILHO/A? Realmente, pude ver naquele momento. Diante de meus olhos vi a mulher, que respirava ainda ofegante de nervoso, porém controlada. E vi outra mulher, de tamanho pequeno, indefesa, cabelos brancos, demonstrando fragilidade. 
 
     Posso garantir que viver uma situação parecida com uma criança birrenta e manter a calma não é nada fácil. Mas, como a realidade não me mostrava uma criança naquele momento, não deve ter sido tão difícil assim manter o controle. Muitas de nossas atitudes são guiadas pelos hábitos. E não temos o hábito de bater em velhinhos...


Andréa Cristina Mascarenhas Nascimento dos Santos



TEXTO 05

HÁBITO: UM VILÃO DAS CRIANÇAS

 


OLHA O QUE O HÁBITO FAZ COM A CRIANÇA; veja como é cruel a cultura da violência infantil.

Situação 1:

Um adulto/visita chega à casa de uma amiga e esbarra-se com um vaso caríssimo, vaso de estimação da dona da casa e quebra. Escuta:

"Não tem problema, não se preocupe, isso acontece... não foi porque você quis..."

E o adulto - todo desconcertado:

"Diz-me o valor para que eu te pague esse prejuízo; dá-me vassoura e pá pra que eu tire os cacos e limpe o chão; eu vou procurar um igual..."

E a dona da casa/do vaso:

"Não, não se preocupe, sei que não foi porque quis, não tem nada a pagar e fica tranquila..."

Por dentro, a dona de casa: "Tonta, parece que não enxerga... Logo meu vaso mais caro... Ai, que raiva, que tristeza... que... que..." Um monte de emoções BEM controladas.

 


Situação 2:

O filho está brincando com um amiguinho e esbarra-se em um vaso, bonito, porém menos valioso, e escuta:

"Moleque, você não enxerga não, é? Sabe quanto custou esse vaso? Vai levar uma palmadas/surra/beliscão pra aprender e ainda vai pegar todos os cacos espalhados pelo chão... "Ou "vai se virar, mas vai ter que me dar outro do mesmo... "

Por que a diferença de tratamento entre duas situações iguais?

A única diferença que eu vejo: Uma é criança e a outra/outro é adulto/a. E o hábito diz que se bate ferozmente em criança quando erra e se perdoa delicadamente o adulto que faz erros iguais ou piores - ainda se acrescenta a isso que ERRAR É HUMANO! E criança também não faz parte dessa espécie?

Andréa Cristina MascarenhasNascimento dos Santos



TEXTO 06

“LEVANTA PRA CAIR DE NOVO!"

 


São várias as situações tão comuns, que mostram claramente o descaso e a falta de respeito com que são tratadas as nossas crianças e, PRINCIPALMENTE, pelos próprios pais!

DAS SITUAÇÕES ABAIXO JÁ VI DEMAIS! - Não sei qual exatamente estou descrevendo:

Situação 1: Uma pessoa adulta vai atravessando a rua e cai no chão. Várias outras pessoas a acodem; forma-se uma roda incrível ao redor da vítima; oferecem-lhe a mão, as duas mãos, os pés, o carro, o avião...

"Está sentindo alguma coisa, sr./sra. Fulano/a?"
"Não quer ir ao médico fazer uma avaliação da queda?"
"Quer que eu ligue para seu marido/esposa pra vim lhe buscar?"
"Consegue levantar-se?"
"Eu te ajudo a andar."
"Dá-me essa sacola, ela deve estar muito pesada!"

Se for mulher (e bonita) ainda tem 'bônus' - Antes de levantar-se, já lhe deram os braços, o abraço, enxugaram-lhe as lágrimas...

Situação 2: Uma criança brinca na calçada e cai no chão. Algumas pessoas passam e nem se comovem PORQUE A MÃE já prestou o atendimento: “LEVANTA PRA CAIR DE NOVO!"


Andréa Cristina Mascarenhas Nascimento dos Santos